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Universidade de Ruanda Utiliza Bioconstrução com Taipa e Terra para Criar Campus Sustentável e Resiliente

  • Caio Neuenschwander
  • 3 de dez. de 2024
  • 4 min de leitura

Atualizado: 8 de jan.



O Instituto Ruanda para Agricultura de Conservação (RICA), localizado na vila de Gashora, em Ruanda, é um exemplo notável de como a bioconstrução pode ser aplicada para criar espaços educativos sustentáveis e resilientes. A universidade foi projetada e construída com materiais locais e naturais, como terra e taipa, uma técnica tradicional de construção que utiliza a compactação da terra para formar paredes sólidas e duráveis.


Bioconstrução com Materiais Locais e Sustentáveis

O campus do RICA utiliza uma combinação de blocos de terra compactada e taipa, um material feito com terra batida, para erguer os edifícios. A terra usada na construção foi extraída localmente, minimizando o impacto ambiental e o transporte de materiais. Além disso, os blocos de terra compactada foram misturados com um baixo teor de cimento, o que aumenta sua resistência a terremotos, uma característica crucial para a região, que é suscetível a abalos sísmicos.


Entre os edifícios construídos com essas técnicas, destaca-se uma estrutura em formato de oito, projetada pelo escritório de arquitetura MASS Design Group. O design inovador do edifício foi inspirado na arquitetura tradicional ruandesa e nos campos de irrigação típicos da região. As dimensões do edifício foram definidas com base na combinação ideal de espaço para dormitórios e móveis, minimizando o desperdício de material e a necessidade de cortar os blocos de terra compactada.


Arquitetura Integrada à Natureza e Sustentabilidade Ambiental

O projeto de arquitetura do RICA não se limita a aspectos estéticos ou funcionais. Ele também tem como objetivo promover a regeneração ambiental e preservar a ecologia local. A construção do campus seguiu um plano meticuloso de restauração de espécies nativas e conservação de áreas de savana e pântano próximas. O campus é, portanto, um exemplo de como a arquitetura pode ser usada para criar um ecossistema sustentável, combinando a preservação da biodiversidade com a criação de espaços para aprendizado.


O uso de materiais de baixo carbono é outro destaque do projeto. Telhados feitos de madeira de origem local foram cobertos com telhas de terracota, que foram queimadas com resíduos de grãos de café, um subproduto da agricultura local. Além disso, pedras de uma pedreira próxima foram utilizadas nas fundações dos edifícios, ajudando a reduzir a quantidade de concreto necessária para a construção.




Sustentabilidade Energética e Gestão Eficiente de Recursos

A sustentabilidade no RICA também é garantida pelo uso de energia solar para abastecer os edifícios com eletricidade, o que reduz a dependência de fontes de energia não renováveis. O campus é equipado com sistemas de tratamento de água e águas residuais, incluindo bombas de lago, estações de filtragem e sistemas de irrigação, que garantem a gestão eficiente dos recursos hídricos. A ventilação passiva e a iluminação natural também são características essenciais do design, que favorece o conforto térmico e reduz o consumo de energia.



A integração de áreas agrícolas no campus permite que os alunos aprendam na prática como aplicar técnicas de agricultura sustentável. As áreas ao ar livre estão diretamente conectadas aos edifícios, criando um ambiente educacional imersivo, onde os estudantes podem experimentar diferentes métodos de cultivo e conservação ambiental.


Impacto Climático Positivo Até 2040

Um dos objetivos mais ambiciosos do projeto é tornar o RICA positivo em carbono até 2040. Isso significa que, em vez de emitir mais dióxido de carbono do que consome, o campus irá remover mais CO2 da atmosfera do que gera, contribuindo de forma significativa para o combate às mudanças climáticas. O uso de materiais naturais, a preservação da vegetação nativa e a implementação de sistemas de energia renovável são medidas essenciais para alcançar essa meta.


Além disso, o RICA serve como modelo para o uso sustentável da terra na construção de edifícios, estabelecendo um novo padrão de administração ambiental em projetos educacionais. O campus vai além da construção sustentável, criando um ecossistema biodiverso que reflete os princípios da regeneração e preservação ambiental.


Projetos Arquitetônicos Inovadores no Campus

Além do edifício em formato de oito, que serve como moradia estudantil, o RICA inclui outros projetos arquitetônicos inovadores. O centro do campus é composto por um edifício semicircular coberto por um telhado dobrado, que se estende para criar um espaço ao ar livre coberto, ideal para encontros e eventos. Outro destaque é o edifício dedicado ao ensino de técnicas agrícolas, com telhados sobrepostos que simbolizam a diversidade de plantas e árvores.


Esses projetos não só atendem às necessidades funcionais da universidade, mas também reforçam o compromisso com a estética sustentável e a conexão entre os edifícios e o meio ambiente natural.


O Instituto Ruanda para Agricultura de Conservação é um exemplo inspirador de como a bioconstrução, a sustentabilidade e a regeneração ambiental podem ser incorporadas ao design de espaços educacionais. Com a utilização de materiais naturais como taipa e terra, o RICA não apenas promove a educação agrícola, mas também estabelece um modelo de construção resiliente e ecologicamente responsável. O projeto demonstra como a arquitetura pode desempenhar um papel vital na mitigação das mudanças climáticas e na criação de um futuro mais sustentável.

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