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Ratos de colete são os novos aliados contra o tráfico ilegal de animais

  • Caio Neuenschwander
  • 20 de nov. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 8 de jan.

Iniciativa busca reduzir o preconceito e valorizar o papel dos ratos na conservação.

Fotografia: IFLScience


O tráfico ilegal de vida selvagem é um dos mercados negros mais lucrativos do mundo, movimentando cerca de US$ 20 bilhões por ano, segundo dados da Interpol. Ele ameaça espécies em extinção, como pangolins, rinocerontes e elefantes, além de prejudicar ecossistemas inteiros. Em meio a essa crise, cientistas encontraram um aliado inesperado: os ratos gigantes africanos.


Pesquisadores da ONG Apopo, com sede na Tanzânia, treinaram oito ratos gigantes africanos para identificar produtos de fauna e flora contrabandeados, como escamas de pangolim, chifres de rinoceronte, marfim de elefante e até madeiras raras. Esses ratos, conhecidos por seu olfato excepcional, já foram usados com sucesso pela organização para detectar minas terrestres e casos de tuberculose. Agora, eles estão sendo adaptados para um novo propósito: proteger a vida selvagem.


Os ratos foram submetidos a um treinamento rigoroso para reconhecer os odores específicos dos itens contrabandeados. Durante o processo, eles eram recompensados com comida ao conseguirem identificar corretamente materiais como escamas de pangolim ou chifres de rinoceronte. Para isso, eles precisavam parar e manter o focinho próximo ao material por pelo menos três segundos. Essa técnica demonstrou ser altamente eficaz, já que os ratos aprenderam a identificar os materiais mesmo quando escondidos entre itens comuns, como folhas, amendoim, perucas e sabão em pó.


Ratos com "Uniforme de Trabalho"

Para facilitar o manuseio, os ratos utilizam pequenos coletes vermelhos equipados com um alarme. Durante os testes, os cientistas simularam cenários reais, como buscas em contêineres no porto de Dar es Salaam, na Tanzânia. Os ratos surpreenderam ao detectar 85% das amostras ilegais escondidas, demonstrando sua eficiência em situações práticas.


Outro ponto notável é a capacidade de memória desses animais. Segundo o estudo publicado na revista Frontiers in Conservation Science, os ratos conseguiram lembrar os odores de pangolim, madeira e chifre de rinoceronte mesmo após oito meses sem contato com esses materiais. Isso coloca os ratos em pé de igualdade com cães farejadores, que são amplamente usados para fins semelhantes.


Fotografia: IFLScience


Limitações e Desafios

Embora os resultados sejam promissores, os cientistas apontaram algumas limitações. No caso do marfim de elefante, por exemplo, os ratos tiveram dificuldade em diferenciar o cheiro quando ele havia sido armazenado próximo a chifres de rinoceronte. Isso sugere a necessidade de refinar os métodos de treinamento para aumentar ainda mais a precisão.


Além disso, o uso de ratos em larga escala ainda enfrenta barreiras logísticas, como o transporte e a aceitação por parte de autoridades aduaneiras e portuárias. No entanto, os pesquisadores acreditam que esses desafios podem ser superados com o tempo e com a ampliação do treinamento.


Fotografia: IFLScience


O Futuro dos Ratos Farejadores

A introdução dos ratos gigantes africanos no combate ao tráfico de vida selvagem representa um avanço significativo na conservação de espécies ameaçadas. Por serem pequenos, baratos de treinar e capazes de trabalhar em locais de difícil acesso, eles têm o potencial de complementar outras ferramentas, como cães farejadores e tecnologias avançadas.


Enquanto o mercado ilegal de animais silvestres continua ameaçando a biodiversidade global, iniciativas inovadoras como essa são fundamentais para proteger nosso planeta. Esses pequenos heróis de colete vermelho estão mostrando que até mesmo as menores criaturas podem desempenhar um papel crucial na preservação da vida selvagem.

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