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Cientistas Indígenas Brasileiros Publicam Pela Primeira Vez na Revista Science

  • Foto do escritor: Gregório Ramon
    Gregório Ramon
  • 9 de jan.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 16 de jan.

Pela primeira vez na história, cientistas indígenas brasileiros publicaram um artigo na renomada revista Science, marcando um marco significativo para a inclusão do conhecimento ancestral no cenário científico global. O estudo, intitulado "Indigenizing Conservation Science for a Sustainable Amazon", reúne contribuições de pesquisadores das etnias Tuyuka, Tukano, Bará, Baniwa e Sateré-Mawé, em colaboração com cientistas não indígenas do Brazil LAB da Universidade de Princeton e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Amazonas (PPGAS/UF


Essa conquista transcende a academia, representando um marco cultural e social. O artigo não apenas destaca a relevância do conhecimento indígena para a conservação da Amazônia, mas também propõe um diálogo necessário entre a ciência ocidental e o saber tradicional, especialmente em tempos de crise climática.


O Artigo e Seus Autores

O artigo publicado na Science foi coescrito por cientistas indígenas e acadêmicos não indígenas, consolidando um modelo inédito de cooperação científica. Pesquisadores indígenas, como Justino Sarmento Rezende e Carolina Levis, trouxeram uma perspectiva única sobre a Amazônia, enraizada em práticas e observações transmitidas por gerações.



“A Amazônia é mais do que um bioma; é uma rede de vidas conectadas”

explicou Justino Rezende, destacando a visão sistêmica e espiritual que guia os povos indígenas na conservação ambiental.


Essa visão está refletida no artigo, que apresenta estudos de caso sobre práticas sustentáveis em territórios indígenas.


A colaboração entre pesquisadores indígenas e não indígenas também ressalta a importância de construir pontes entre diferentes formas de conhecimento. Ao combinar práticas ancestrais com métodos científicos, os autores oferecem um roteiro para esforços de conservação holísticos. Tais parcerias não apenas fortalecem os resultados das pesquisas, mas também garantem que as vozes indígenas sejam parte integrante dos processos decisórios sobre suas terras e recursos.


A Relevância da Ciência Indígena

Uma das principais contribuições do estudo é destacar as diferenças entre a ciência indígena e a ciência ocidental. Enquanto a ciência ocidental busca validação empírica, a ciência indígena baseia-se em cosmologias e relações espirituais. Segundo o artigo, “a floresta é habitada por seres visíveis e invisíveis que devem ser respeitados para manter o equilíbrio”.


Ritual Yawanawa
Ritual Yawanawa

Dados mostram que os territórios indígenas desempenham um papel crucial na preservação ambiental. Entre 1985 e 2020, apenas 1,6% da perda de vegetação nativa no Brasil ocorreu em territórios indígenas, enquanto áreas não protegidas registraram uma taxa de desmatamento 17 vezes maior.


Impactos e Perspectivas

A publicação do artigo na Science simboliza uma vitória para os povos indígenas brasileiros.


“Essa conquista demonstra que nosso conhecimento tem valor e pode transformar o futuro”, stated Carolina Levis, co-author of the study.

O artigo também reforça a importância de incluir representantes indígenas nos debates científicos globais, especialmente em tópicos como mudanças climáticas e conservaç


Em escala global, esse marco tem o potencial de influenciar políticas públicas e iniciativas de preservação, promovendo maior integração do conhecimento indígena em estratégias sustentáveis. A relevância desse movimento está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, como o ODS 15 (Vida Terrestre), que prioriza a proteção dos ecossistemas, e o ODS 13 (Ação Climática), que busca soluções inovadoras para mitigar os impactos climáticos.



Futuro

A publicação do artigo "Indigenizing Conservation Science for a Sustainable Amazon" na Science não é apenas um marco acadêmico, mas um apelo para valorizar o conhecimento tradicional. Ao reconhecer a profundidade do saber indígena, o mundo científico dá um passo essencial para enfrentar os desafios ambientais globais.


Em tempos de crise climática, integrar perspectivas indígenas e ocidentais é uma oportunidade única para criar soluções sustentáveis e inclusivas. Como indivíduos, apoiar o reconhecimento dos povos indígenas e suas práticas é essencial para garantir o futuro do planeta.


Que esse marco inspire um novo capítulo na ciência, onde as vozes indígenas não apenas participem, mas liderem os debates globais sobre o futuro da Terra.

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